Chuva na estrada

Finalmente! Após um longuíssimo período de estiagem, com direito a falta de água em grande parte do país e prejuízos decorrentes da seca (que o digam os agricultores e pecuaristas), as chuvas parecem estar voltando aos poucos. A paisagem já começa a retomar os tons de verde e alguns rios começam a conseguir acumular água novamente. Aos poucos, a situação vai tentando se normalizar.

E voltam também, claro, as estradas molhadas. E foram tantos meses dirigindo no seco que muitos motoristas mal se lembram como é conduzir um veículo com chuva. Aí vem o susto: o asfalto molhado é sempre uma caixa de surpresas, para os quais devemos sempre estar alertas.

Quando a chuva é pouco mais que um chuvisco

Motoristas-não-tiram-o-pé-do-pedal.Muitos condutores acreditam que uma chuvinha boba dessas que apenas umedecem a pista, não traz problema algum. Na verdade, traz sim e é um problema bastante perigoso exatamente por causa dessa falsa impressão. Esta chuva leve se mistura à poeira e aos pedriscos acumulados na pista e formam uma espécie de “lama”, e esta lama é muito, mas MUITO escorregadia. Como os motoristas não reduzem a velocidade devido à falsa sensação de segurança, na primeira curva mais fechada feita em alta velocidade o veículo já pode dar “escapadas”, principalmente com as rodas traseiras.

Isso significa que ele pode sair rodopiando pela pista muito rapidamente e sem controle nenhum, às vezes dando voltas inteiras na pista. Uma ocorrência como essa, quando acontece num momento em que outros veículos estão passando naquele exato momento pelo mesmo ponto da pista, pode causar um acidente de enormes proporções. O veículo desgovernado pode colidir contra vários outros provocando outras derrapagens, além de capotamentos e, dependendo do local do acidente, colisões em construções e quedas em penhascos.

Quando a chuva é moderada

Nas chuvas moderadas, os limpadores de para-brisas são acionados em sua velocidade média e o motorista tem a percepção de que é melhor reduzir um pouco a velocidade. A chuva escorre pela pista e lava a poeira e os pedriscos acumulados, deixando a pista limpa e bastante lisa.

Existe uma dica que é ensinada inclusive nas autoescolas para detectar a intensidade da chuva e seus efeitos sobre a aderência do carro. Repare rapidamente, pelo retrovisor, se seus pneus estão deixando “trilhas” na pista molhada. Se estiverem, bom sinal: o carro está bastante aderido à pista e com baixo risco de derrapagem. Isso acontece porque, além dos pneus estarem em boas condições, o escoamento daquela quantidade de água pelo asfalto é satisfatória e não favorece as aquaplanagens . O motorista pode reduzir apenas um pouco a velocidade.

 Quando a chuva é forte…

Aí não tem jeito: o ideal é reduzir a velocidade – mais que isso: o ideal é reduzir uma marcha. Por que?

Quando a chuva é muito forte – ou diluviana, como algumas pessoas chamam -, os limpadores de para-brisas parecem insuficientes mesmo quando acionados em sua velocidade máxima. Os sprays de água jogados no para-brisas pelos carros que passam na direção contrária deixam a visão reduzida a zero por poucos (porém infinitos) segundos e o pior: as aquaplanagens começam.

A aquaplanagem é a perda temporária de aderência do carro quando se passa por poças d’água mais profundas. Nesta situação, o carro “flutua” como um barco na poça, sem nenhuma chance de controle. Como os pneus não estão tocando o solo neste momento (exatamente: nenhum deles encosta no asfalto nessa hora), não há como alterar a direção do veículo e nem freá-lo. Na verdade, a água freia bruscamente o veículo, mas não impede que o controle seja momentaneamente perdido. Por essas e outras é que se recomenda aumentar a distância entre os veículos.

Para saber se está aquaplanando, verifique no retrovisor se aquelas trilhas deixadas pelos pneus estão aparecendo. Se não estiverem, reduza imediatamente a velocidade e desça uma marcha. A velocidade baixa fará com que o carro pese mais e retome a aderência. Mas atenção: evite acionar o freio para fazer essa redução. Apenas alivie a pressão no pedal do acelerador, e a própria água da pista fará a redução com certa suavidade. Só então desça uma marcha e mantenha a velocidade estável; nessa situação, evite ultrapassar os sessenta quilômetros horários. Pode parecer lento demais mas, dependendo da intensidade da chuva e das condições da pista e do trânsito, ainda vai parecer rápido demais.

A-falsa-impressão-de-segurança-pode-ser-muito-perigosa.Os especialistas recomendam que se evite parar o carro no acostamento para aguardar que a chuva diminua e o motivo é simples: como a visibilidade estará muito reduzida para TODOS os veículos, existem uma grande chance de um deles não enxergar seu veículo parado, mesmo que no acostamento e com o pisca-alerta ligado, e colidir com você. Mas se sentir que realmente é impossível prosseguir, procure um local mais afastado da pista como postos de gasolina, postos da polícia rodoviária ou acostamentos mais largos.

Prudência nunca é demais

Não arrisque quando estiver dirigindo, especialmente quando houver chuva. Com a pista molhada, aquaplanando ou não, as chances de se perder o controle do veículo são muito grandes e os acidentes que este descontrole podem causar serão sempre de grandes proporções, inclusive com óbitos. E se você estiver de carona e perceber que o condutor não está sendo cuidadoso o bastante, calmamente chame sua atenção e peça que reduza a velocidade. Não grite nem tente tomar dele o controle do veículo – afinal já está perigoso com ele calmo, imagine se deixá-lo nervoso!

Seja prudente SEMPRE porque, depois que o acidente acontece, já não há mais nada a fazer.

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