Tratamento de Varizes por Injeção: Escleroterapia com Espuma

Tratamento das varizes por injeção, incluindo a escleroterapia com espuma:

O que é o tratamento por injeção?

O tratamento por injeção (ou escleroterapia por compressão) é um método de tratamento das varizes que consiste na injeção duma substância química (esclerosante) nas veias, que faz com que as paredes destas se unam e, assim, fechem e sequem.

A substância química injectada nas veias funciona como uma cola. Para que as superfícies coladas fiquem permanentemente fixas, é necessário pressioná-las até que a cola seque: as ligaduras ou meias são utilizadas para comprimir as veias e exercer pressão sobre estas, para que as suas paredes se mantenham unidas.

“Escleroterapia tradicional” e escleroterapia com espuma

A escleroterapia tradicional consiste na injeção de pequenas quantidades de esclerosante numa veia da perna, estando esta elevada (para esvaziar as veias de sangue). O esclerosante entra num dado comprimento da veia ou de um aglomerado de veias e fecha-as. A sua eficácia é maior em varizes que não estão sob a pressão de válvulas insuficientes mais acima – idealmente, em varizes de menor calibre abaixo do joelho. Este tipo “tradicional” de escleroterapia é usado há muitos anos.

A escleroterapia com espuma foi desenvolvida no final da década de 90 do século XX e tem-se tornado cada vez mais popular. É diferente da escleroterapia tradicional porque o esclerosante é misturado com uma pequena quantidade de ar (ou outro gás especial), para formar uma espuma. Esta espuma (milhares de pequenas bolhas de ar cobertas por esclerosante) espalha-se rápida e vastamente pelas veias, empurrando o sangue e tendo um contacto maior com a parede da veia. A espuma provoca o espasmo das veias (secagem) e, por isso, é mais eficaz do que a escleroterapia feita sem espuma.

Como é feita a escleroterapia?

A escleroterapia não requer internamento do doente e pode ser feita por um elemento da equipa ciúrgica ou, por vezes, por outro médico ou enfermeiro especializado que trabalha com essa equipa e que tem experiência em escleroterapia.

Escleroterapia tradicional

Na escleroterapia tradicional, o doente fica de pé ou põe a perna em cima de uma cadeira, para ser mais fácil ver as varizes e introduzir, nas veias, uma ou mais agulhas finas, com pequenas seringas de esclerosante. Depois, o doente deita-se e a perna é elvada, para esvaziar as veias antes de injectar o esclerosante. Cada área injectada é coberta com uma compressa e, depois, é colocada uma meia ou ligadura desde o pé.

Escleroterapia com espuma

Na escleroterapia com espuma, normalmente, utiliza-se o Eco-Doppler para identificar as veias e verificar se a agulha ou cânula é introduzida correctamente na veia pretendida. Por vezes, o Eco-Doppler é também usado para seguir o progresso da espuma pelas veias, para espalhá-la o máximo possível e para comprimir as veias por baixo da pele, de forma a reduzir a passagem de espuma para as veias profundas.

É dada uma ou mais injeções com a perna elevada. Pode ser pedido ao doente que mova o pé para cima e para baixo, depois de cada injeção, com o intuito de dispersar qualquer esclerosante que tenha entrado nas veias profundas. É feita compressão usando ligaduras ou meias, depois de se colocar compressas de algodão ou gaze nas veias injectadas. Estas não podem ser retiradas durante alguns dias, dependendo do tamanho das veias injectadas e da opinião do médico que faz o tratamento.

No caso de varizes maiores, pode ser aconselhável que a compressão seja feita durante duas ou três semanas, mas o mais usual é uma semana ou dez dias. A compressão ajuda a manter as paredes das veias unidas, para que fique bem seladas. Os métodos utilizados para fazer tudo isto variam, especialmente, os tipos de compressas e compressão usados. As compressas podem ser pequenos rolos de algodão ou gaze e a compressão pode ser feita com uma variedade de ligaduras ou com meias de compressão graduadas. As ligaduras ou meias têm de ser usadas durante duas ou três semanas, para garantir que as paredes das veias ficam firmemente unidas.

A quantidade de esclerosante que pode ser injectada em cada sessão é limitada (cinco mililitros, por exemplo) e, por isso, podem ser necessárias duas ou mais sessões para tratar todas as veias. lsto acontece porque a injecção de grandes quantidades de esclerosante poderia causar efeitos secundários, entrando no sistema circulatório geral do doente.

Pós Operatório

O que deve e não deve fazer depois de um tratamento por injecção?

Exercício

Muitos dos conselhos habitualmente dados depois da escleroterapia (e cirurgia) não se baseiam em evidências, mas sim no conhecimento tradicional. lsto aplica-se ao conselho habitual de andar em passo rápido durante, pelo menos, 20 minutos depois da escleroterapia. O objectivo deste conselho é garantir que qualquer esclerosante, que possa ter entrado nas veias profundas, seja empurrado para fora destas pela acção da bomba muscular.

Assim, manter uma actividade diária regular, evitando estar de pé por longos períodos de tempo, é o ideal. Se for necessário estar de pé, por mais de meia hora, deve-se caminhar um pouco de vez em quando; erguer-se e baixar-se em bicos de pé é outra forma de manter o músculo a trabalhar quando se está de pé ou sentado. Quando se está sentado por longos períodos de tempo, deve-se elevar as pernas, se possível. É mais importante caminhar frequentemente do que caminhar longas distâncias. Contudo, este também é um bom exercício.

De uma forma geral, não há restrições quanto à actividade física e pode-se praticar a maioria dos desportos. No entanto, convém evitar actividades mais pesadas (que podem alargar ou soltar as ligaduras) e, também, desportos de contacto (que podem ferir as pernas).

Compressão contínua

As ligaduras ou meias devem ser usadas ininterruptamente e isto pode implicar que não se tome banho, uma vez que a ligadura tem de se manter seca. Algumas pessoas contornam este problema, tomando banho com um saco plástico à volta de toda a perna, seguro no topo com um elástico ou fita adesiva larga. Outras tomam um banho rápido, com a perna para cima e para o lado, para manter a ligadura seca. lsto é fácil se as
ligaduras forem so até ao joelho, mas torna-se difícil se ambas as pernas estiverem completamente cobertas
pelas meias ou ligaduras. Lavar-se no bidé é a solução ideal.

Se as ligaduras ou meias alargarem ou se se tornarem desconfortáveis, têm de ser retiradas e substituídas. O especialista de escleroterapia deve informá-lo sobre quem deve contactar se isto acontecer (o clínico ou o enfermeiro que trabalha com o seu médico).

Problemas e possíveis riscos depois da escleroterapia

lnflamação

O esclerosante injectado nas veias pode causar inflamação, resultando em vermelhidão e desconforto. Embora, normalmente, esta situação não seja grave, se causar dores deve-se tomar analgésicos. Os anti-inflamatórios analgésicos, como o ibuprofeno, podem ser aconselháveis, mas o paracetamol é muitas vezes suficiente. Normalmente, esta inflamação é ligeira e passa rapidamente. Mas, por vezes, pode ser aguda e, nesse caso, poderá ser necessário que um médico ou enfermeiro retire a ligadura ou meia e examine a área inflamada.

Veias duras e nodulares

Se houver sangue numa variz quando é injectada ou se entrar sangue pouco depois da injecção (devido a compressão inadequada), o sangue solidifica e a veia endurece, o que pode ser doloroso. Uma veia como esta, normalmente, seca, mas pode levar muito tempo. A probabilidade de isto acontecer é maior quando as veias injectadas estão situadas atrás do joelho ou na coxa, uma vez que nestas áreas é mais difícil manter uma boa compressão.

Edema do tornozelo

Pode surgir um pequeno edema do tornozelo, que piora quando se está de pé por longos períodos de tempo. Caminhar regularmente e elevar a perna ajudará a eliminar o edema.

Lesão da pele

Embora seja raro, o esclerosante pode lesar a pele e chegar, mesmo, a causar uma pequena úlcera na área da injeção, que acabará por curar. Contudo, pode ser um processo lento e deixar uma pequena cicatriz.

Manchas castanhas

A longo prazo, as injecções podem provocar uma coloração castanha da pele nas áreas onde estavam as veias. Não é possivel prever quem vai ter manchas castanhas e se estas se vão notar muito, mas cerca de um terço dos doentes fica com algumas manchas. Esta coloração castanha pode desaparecer mas também pode ser permanente.

Pequenas veias

A qualquer tipo de escleroterapia pode, ocasionalmente, seguir-se o aparecimento de pequenas veias vermelhas e azuis na área injectada. Mas isto é pouco comum.

Reacções alérgicas

Por vezes, os doentes podem ser alérgicos ao esclerosante injectado nas veias, podendo surgir qualquer tipo de reacção alérgica – raramente, como dificuldade em respirar ou choque. Os médicos que fazem escleroterapia devem ter sempre por perto medicamentos para tratar as alergias graves.

Trombose venosa profunda

A TVP é uma das consequências possíveis da injecção das varizes, mas é muito rara. Esta foi uma das principais preocupações na introdução da escleroterapia com espuma, visto que, muitas vezes, pequenas quantidades de espuma entram nas veias profundas. No entanto, já foram tratados inúmeros doentes por escleroterapia com espuma e houve apenas alguns casos de TVP (trombose venosa profunda). Baseados na informação que temos, o risco de TVP é muito baixo.

Perturbações da visão

Alguns doentes sentiram perturbações temporárias da visão depois de um tratamento por escleroterapia com espuma e temeu-se que tal pudesse resultar da entrada de pequenas bolhas de espuma para os vasos sanguineos por detrás do olho.

Alguma espuma pode entrar no sistema sanguíneo e é possível que consiga passar por uma “pequena janela no coração” que existe em algumas pessoas. Teoricamente, a espuma pode depois passar para pequenas artérias – por exemplo, as existentes nos olhos e no cérebro. Os poucos doentes que sofreram perturbações da visão recuperaram rápida e totalmente. A preocupação de que as bolhas de ar possam ir para o cérebro e
causar enfartes temporários ou permanentes é meramente teórica. No entanto, tem sido uma questão muito debatida e que causa alguma apreensão – especialmente como um possível efeito secundário do tratamento de uma doença que não é clinicamente grave.

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