Epilepsia: É hereditária? Tem cura? Quais as causas das crises e ataques?

A epilepsia é hereditária? A doença tem cura? Quais as principais causas das crises de epilepsia? Encontre a resposta a estas e muito mais perguntas.

epilepsia

Apesar da epilepsia poder ser causada por acontecimentos específicos, tais como acidentes cardiovasculares ou lesões resultantes de traumatismos na cabeça, o aumento do conhecimento acerca da doença e das suas causas tem tornado perceptível a existência de tipos comuns de epilepsia entre pessoas da mesma família.

Algumas formas de epilepsia aparentam ter uma ligação com a transmissão genética, como é o caso da epilepsia mioclónica juvenil (caracterizada por crises que afetam os braços, os ombros e, por vezes, as pernas). Algumas crises generalizadas comuns em crianças também aparentam estar relacionadas com a hereditariedade. Para além disso, sabe-se que a epilepsia pode surgir associada a algumas doenças genéticas.

Existe cura para a epilepsia?

Um grande número de crianças que sofrem de epilepsia acaba por ultrapassar completamente a doença, embora isso seja menos frequente no caso dos adultos. No entanto, existem pessoas que têm apenas uma crise durante toda a vida.

Em alguns casos, pode ser possível proceder a uma intervenção cirúrgica, mas apenas se existir uma área concreta do cérebro, passível de remoção, que esteja a provocar as crises, ou se estas derivarem de um tumor cerebral de dimensões reduzidas.

Porém, na maior parte dos casos, o tratamento da epilepsia é mais uma questão de controlo do que de cura. A medicação que existe atualmente é eficaz no controlo da maior parte dos casos de epilepsia.

Cerca de 60% dos pacientes consegue deixar de ter crises, ao passo que em cerca de 15 a 20% a sua frequência é significativamente reduzida. Consulte o seu médico de forma a saber como controlar melhor a sua condição clínica.

Quais são as causas das crises?

A epilepsia pode ter várias causas e origens. Tumores cerebrais, infecções, transmissão genética e lesões provocadas por traumatismos na cabeça estão entre as causas mais frequentes.

No entanto, causas diferentes podem originar o mesmo tipo de crise, assim como a mesma causa pode resultar em crises diferentes. Existem casos em que as próprias crises mudam de natureza com o avanço da idade.

Dormir e praticar exercício suficiente pode ajudar a prevenir crises?

Existe uma clara ligação entre a privação de sono e a ocorrência de ataques de epilepsia, embora ainda não se saiba ao certo os motivos. Apesar de uma noite bem dormida não prevenir necessariamente a ocorrência de uma crise, a privação de sono pode certamente conduzir a uma.

Sendo assim, é recomendável que os doentes com epilepsia durmam durante o número de horas adequado ao seu escalão etário, sendo também importante que se deitem e acordem à mesma hora todos os dias. A ligação entre as crises e a falta de exercício não é tão clara, mas os especialistas acreditam que, de maneira geral, a manutenção de uma boa forma física pode reduzir os sintomas da epilepsia.

Existem tipos de crises mais comuns que outros?

Os tipos de crise podem variar consoante a idade. Os adultos têm maior tendência para ter crises parciais complexas, que resultam normalmente de traumatismos cranianos, acidentes vasculares cerebrais ou tumores. As crises generalizadas são mais comuns entre crianças, tendo tendência para resultar de factores genéticos.

Sinto-me triste. Estarei deprimido?

Apesar de toda as pessoas se sentirem “em baixo” de tempos a tempos, existe uma ligação entre epilepsia e depressão clínica, embora não se saiba ao certo porquê. Se a sua depressão não desaparecer – ou começar a interferir com o sono, a alimentação ou outras actividades diárias –, deverá falar com o seu médico.

Não tenha receio de usar o termo “depressão”, pois nem todos os médicos têm consciência da ligação entre as duas doenças. A depressão relacionada com a epilepsia é similar a outras formas de depressão, podendo ser tratável com antidepressivos.

Embora estes sejam relativamente seguros e possam ser utilizados em conjunto com a medicação para a epilepsia, cada paciente tem uma resposta diferente. Aconselhe-se com o seu médico para encontrar a combinação certa para si.

Às vezes tenho “brancas”, ou seja, esqueço-me das coisas. Poderei vir a resolver este problema?

A resolução deste problema dependerá do facto de a sua perda de memória ser causada pela epilepsia ou por uma doença associada. Se a sua perda de memória puder ser directamente atribuída às crises de epilepsia, como acontece frequentemente, ganhar maior controlo sobre as crises poderá ajudar a eliminar a frustração resultante das chamadas “brancas”.

Contudo, a perda de memória pode ser provocada por uma doença associada à epilepsia. É o caso da depressão, sendo vulgar que pessoas que sofram deste problema possuam perdas de memória a curto prazo. Se a sua medicação actual não for eficaz a corrigir o problema, existem terapias não médicas – como exercícios de concentração mental e memorização – que poderão dar bons resultados.

O que devo fazer se estiver sozinho com os meus filhos e tiver uma crise?

Até ter a certeza de que as suas crises estão a ser eficazmente controladas pela sua medicação, é preferível que evite situações em que fique sozinho com crianças pequenas – especialmente se sofrer de crises tónico-clónicas (as chamadas “crises de grande mal”) –, que poderão deixá-lo desorientado durante cerca de uma hora.

No entanto, se as suas crises estiverem sob controlo, existem algumas medidas que o poderão ajudar a prevenir-se. Mude fraldas no chão em vez de o fazer em cima de uma mesa, dê banho às crianças com uma esponja em vez de as colocar na banheira, e não manuseie bebidas ou comida quente enquanto segura uma criança.

Muitas pessoas com epilepsia sentem uma “aura”, muitas vezes descrita como uma “sensação estranha”, que é uma espécie de pré-aviso para a súbita ocorrência de uma crise. Se isto acontecer, coloque a criança num local seguro, telefone a um vizinho ou amigo, e assegure-se de que se protege contra uma queda ou outros perigos.

Como explicar a minha doença às pessoas em geral?

A epilepsia é uma doença potencialmente curável, que não tem necessariamente de ser incapacitante nem de ter impacto negativo relevante no dia-a-dia. Apesar de tudo, actualmente, ainda se confunde epilepsia com uma doença incapacitante. A melhor coisa a dizer é que tem uma condição médica.

E, tal como toda as pessoas que estão a lidar com uma situação médica controlável, não há qualquer necessidade de olhar para o seu caso de modo diferente. As pessoas com epilepsia são iguais a todas as outras, e isso é algo que os pacientes, os familiares e os conhecidos devem ter sempre em mente.

Como explicar a minha epilepsia a amigos ou colegas?

Muitas vezes, a abordagem directa é aquela que dá melhores resultados. Não se aflija pelo facto de as pessoas poderem ficar preocupadas; muitas vezes, isso significa apenas que conhecem muito pouco acerca da epilepsia.

Nesse caso, explique que a epilepsia é uma condição médica, tal como a hipertensão ou a diabetes, e que na maior parte das vezes pode ser controlada através de medicação. Se está sujeito a crises tónico-clónicas (as chamadas “crises de grande mal”), pode optar por dizer às pessoas que, em vez de evitarem que bata com a cabeça, é preferível que não se envolvam fisicamente.

Uma outra forma de fazer com que as pessoas fiquem mais confortáveis com a sua condição clínica é lembrá-las de que muitas pessoas com epilepsia conseguiram ter sucesso: Júlio César teve epilepsia; Alexandre, o Grande, também, assim como o filósofo Sócrates ou o escritor Dostoievsky.

Em qualquer profissão existem sempre pessoas que tiveram ou têm crises de epilepsia, sem que isso as impeça de levar uma vida normal.

Se as minhas crises estão sob controlo, por que devo informar os outros acerca da minha epilepsia?

Em alguns casos – tais como a obtenção da carta de condução –, será sempre necessário revelar a sua situação médica. Qualquer pessoa que não tenha crises há mais de dois anos pode tirar a carta livremente, desde que apresente um atestado de um neurologista a comprovar esse facto.

No que diz respeito ao trabalho, apesar de não ser legalmente obrigado a revelar a sua condição clínica ao seu empregador, é recomendável que o faça – em especial se o factor “segurança” for importante para o trabalho em causa (como, por exemplo, se envolver maquinaria pesada). Contudo, existem outras razões para ser franco acerca da sua epilepsia com os seus colegas, família, e amigos.

Falar com as pessoas acerca da epilepsia ajuda a desmistificar a doença, assim como contribui para a criação de uma rede de apoio para si. Deve pensar da seguinte forma: quanto mais pessoas souberem, maiores probabilidades terá de alguém lhe saber prestar assistência em caso de necessidade.

A informação acima referida não pretende substituir o aconselhamento proposto pelo seu médico. Deve consultá-lo se pretender efectuar quaisquer alterações ao seu tratamento e/ou medicação.

No comments yet.

Deixe um comentário

*