Obra do “jeitinho brasileiro”

O brasileiro infelizmente tem essa cultura do “comigo não acontece”. É assim entre aqueles que bebem à vontade e depois dirigem, é assim com aqueles que negligenciam seu trabalho sem considerar a possibilidade da demissão, é assim com aqueles que trabalham em funções arriscadas mas se sentem protegidos por algum poder superior que “é sempre por ele”. Temos esse mau hábito de não fazermos nossa parte por acharmos que nunca sofreremos as consequências se (melhor: quando) a coisa der errado.

Somos um dos países com maior número de acidentes automobilísticos por motivos de embriaguez – e também, um dos líderes em acidentes de trabalho por negligência, tanto na conduta quanto no uso dos equipamentos de proteção individual. Mas neste último caso, a culpa não é só do funcionário: ela é dividida com o empregador. É dele a obrigação de fornecer os EPIs necessários, na quantidade adequada para cada funcionário de acordo com cada função – e também é dele a obrigação de treinar esses funcionários quanto ao uso dos EPIs e de fiscalizar seu uso por parte dos mesmos. Ou seja: o patrão é obrigado por lei a ficar de olho e cobrar o uso do EPI. E o funcionário é obrigado por lei a usá-lo da maneira correta.

A-falta-de-equipagem-correta-pode-trazer-graves-consequências.Mas sabemos que as coisas nunca funcionam na prática, o que na teoria se determina, e com isso encontramos com tanta frequência vários acidentes causados pela irresponsabilidade de fazer a obra sem que os equipamentos estivessem adequados a realização da atividade profissional em questão. Para casos comuns, percebemos que moradores de casa deixam de contar com profissionais, para realizar reformas de pequeno porte em casa, sem que o escoramento metálico para obras fosse devidamente alugado ou colocado no local. O resultado disso, fica ainda mais claro quando algum acidente acaba acontecendo ou a qualidade da obra fica comprometida.

Copa, automobilismo, esqui…

As-obras-nas-coberturas-foram-responsáveis-por-muitos-dos-acidentes.E quem pensa que um evento dessa grandeza, com um nível de rigor avançado passaria em branco se enganou. Alguns acidentes também marcaram a realização do mundial em nosso país, e em casos mais específicos (como a queda de lajes e coberturas) o acontecimento se tornou uma tragédia, e alguns trabalhadores acabaram perdendo a vida por não estarem seguros aos equipamentos usados para esse tipo de procedimento.

E se o número de acidentes fatais já foi muito maior se comparado a edição na África, a expectativa é que as coisas piorem ainda mais na surpreendente nação desenvolvida do Catar. A estimativa de “mortes” (isso mesmo, não acidentes, mortes!) é de até inacreditáveis 4 mil trabalhadores, prejudicados principalmente pelas más condições de trabalho, excesso de calor durante a rotina de trabalho e a escravização não oficial de muito dos trabalhadores. [i]

Temos também esportistas de outras modalidades que se envolveram em acidentes, e por mais que não estivessem em ambientes de obra como a grande maioria, a lesão poderia ter sido mais grave se alguns EPIs não estivessem acompanhando-os. De bate pronto já pensamos no caso do ex-campeão da fórmula 1, Michael Schumacher, que se envolveu em um acidente enquanto esquiava por diversão, e que apesar dos sérios danos que lhe foram causados, as coisas poderiam ter sido piores se não estivesse equipado. O piloto Felipe Massa, teve ainda mais sorte ao ser atingido na cabeça por uma peça do carro de outro competidor em alta velocidade, e por muita sorte não sofrer com sequelas após sua recuperação.

Fora estes, podemos lembrar de inúmeros casos em que os equipamentos (ou a falta deles) foi determinante para o tamanho do acidente, e o que fica claro é que não somente o trabalhador de obras é quem corre risco. Por isso, não vacile e use sempre toda proteção que lhe for necessária para praticar qualquer que seja a atividade.

[i]http://copadomundo.ig.com.br/2014-03-19/sindicato-internacional-preve-ate-4-mil-mortes-de-operarios-no-catar-ate-2022.html

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