O Belo e a Arte: o que são e para que servem? By David Asher (pseudônimo literário de Julio Cesar S. Pereira)

Desde os dias mais primitivos o homem não convive passivamente com as coisas em redor. Ele as representa, interpreta, transforma; E alcançar o belo muito além do belo comumente observado é o seu grande objetivo.

Qual a origem, por exemplo, das vestes e da própria moda ou estilo?

O homem precisava proteger-se ds variações climáticas, adequando-se ao frio, ao calor, à chuva, solo pedregoso, etc. Então cobriu o corpo e os pés,

A moda e o que hoje chamamos de estilo originaram-se da necessidade psicológica da beleza, pela observação da natureza, copiando-a, imitando-a.

Não bastou ao homem cobrir o corpo e, assim, proteger-se do frio. Além de sentir-se bem fisicamente precisava, também, sentir-se bem psicologicamente.

Tudo na natureza se exibe em cores e formas bem harmonizadas, cores e formas resultam em bem-estar.

O homem começou a “fazer Arte” copiando o céu, o brilho das estrelas, a coloração das águas, as flores, os animais entre outras coisas em suas vestes e, com o passar do tempo, em seu corpo propriamente dito, pintando-o com temas de seu cotidiano, como as listras de um tigre, as manchas de uma onça, etc.

Não demorou muito para que o homem começasse a pintar as paredes das cavernas e utensílios de uso particular e tudo o mais que lhe atraísse.

Existe no homem o que se pode chamar de “faculdade estética”. O útil precisa ser também belo para que nos sintamos bem em relação ao útil.

O homem habitou em cavernas, construiu cabanas… mas não lhe bastou construir algo para abrigar-se em relação ao mau tempo e aos predadores, precisou atender ao apelo de seu íntimo e construir, belamente, adequando linhas, formas, cores…

Ao criar a roda para facilitar o trabalho árduo, o homem sentiu-se ainda insatisfeito internamente e, aos poucos, foi adornando a roda, tornando-a cada vez mais bela. Não era, ao homem, suficiente que a roda “rodasse”.

O tempo foi passando, passando e criamos meios de transporte para nos locomovermos e até hoje, como se constata facilmente, é preciso que o meio de transporte seja belo. Temos aí o design automobilístico que trata justamente desta parte estética dos meios de transporte. Aqui vale lembrar que o boom neste segmento ocorreu nos anos oitenta, com grandes nomes do design como Giorgetto Giugiaro na Itália (que hoje detém o prêmio de Designer automobilístico do século) Erasmo Ressuto e Anísio Campos no Brasil, entre outros que trouxeram o belo aos veículos de passeio.

A elegância não se constitui em apenas andar bem vestido. É necessário movimentar-se com graciosidade, harmonia no gesticular. E quanto a fala? Não são poucas as vezes em que se declara: “Fulano fala bonito!” Tons de voz, ritmo, harmonia vocal… Algumas pessoas, ao pronunciarem algo, não apenas pelo que dizem mas, principalmente, pelo modo como dizem, entonando diferentemente a voz, escolhendo palavras que “cantam” na mente de quem as ouve… Utilizando bem as pausas entre palavras e frases vibram nossa alma! A persuasão está mais no modo rítmico, harmônico com que se pronuncia do que no conteúdo propriamente dito num discurso.

Por que, ao entrarmos em um ambiente nos sentimos bem e, ao entrarmos em outro ambiente podemos nos sentir mal?

Pode-se dizer, em segurança, que, na maioria das vezes, o motivo é a disposição do mobiliário, as cores, a falta ou excesso de simetria que nos incomoda internamente ou a perfeita simetria que nos proporciona bem-estar se, que disso nos apercebamos.

A estética, sem que notemos, entra em nossa alma trazendo equilíbrio ou desequilíbrio. O poder do Belo sobre a consciência do homem é imensurável.

Então o que é o Belo e a Arte?

O Belo é “o que se põe no centro ou centraliza”, equilibra. Harmoniza e produz o bem-estar. A Arte é a sublime manifestação do Belo, é a ultrapassagem do limiar da realidade objetiva, concreta, a uma nova realidade, subjetiva, abstrata porém não menos real do ponto de vista sensorial.

E, afinal, para que servem o Belo e a Arte?

O leitor atento já deve ter percebido que o Belo tem a função de tornar mais saudável o homem e que a Arte é um meio inerente ao homem de manifestar o Belo. E estando mais saudável, tendo a sensação de se estar bem, o homem é muito mais capaz de produzir, de gerar realidades objetivas, concretas a serem mais uma vez ultrapassadas, transformadas. O Belo e a Arte, juntos, levam o homem a um progresso contínuo.

A Arte manifesta ao homem e no próprio homem o Belo para transformá-lo em Super- Homem!

No momento em que fazemos ou restauramos uma obra de arte somos por ela feitos ou restaurados. O simples fato de se contemplar uma arte já é capaz de produzir no íntimo do ser humano efeitos transformadores. A ciência tem demonstrado a influência da arte no cérebro e, por consequência, em toda a fisiologia humana..

O prazer proporcionado pelo Belo através da arte é semelhante ao orgasmo! Nunca nos sentimos tão inteiros como nos instantes em que, libertos de todos os medos, nos entregamos completamente ao ato de amar… A Arte é, certamente, uma sublime manifestação do amor que integra e reintegra o homem. Existe algo que possua mais beleza do que o amor? Aliás, quando se está amando tudo fica mais bonito… O amor aceito e praticado nos põe no centro de nós mesmos, nos harmoniza. O amor não é simplesmente belo; o amor é o Belo em potencial e a Arte uma de suas mais sublimes manifestações, se não a mais sublime. Viva o amor, a arte… Viva o Belo!

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