Voluntas pro facto reputatur (A intenção é que faz a acção)

ScoutsEscreve um artigo para o jornal.

Certo, posso fazê-lo…mas sobre o quê?

Não sei, qualquer coisa. Olha, escreve a tua opinião sobre o Escotismo!

Ou seja, vou escrever sobre algo que não conheço – desde já me penitencio por dizer algo que não corresponde à verdade.

O que penso eu, então, acerca do Escotismo?

Passando as questões relativas a Sir Badden-Powell, à fundação da Associação de Escoteiros de Portugal, para escrever este artigo, debrucei-me sobre a Missão e os Valores do Escotismo. Não por achar os outros menos relevantes. Simplesmente, dado o meu reduzido conhecimento, optei por falar sobre algo com que, no final, acabo por me identificar.

No website da A.E.P. (www.escoteiros.pt), encontra-se o seguinte texto:

Os Escoteiros de Portugal têm como missão educar os jovens para desempenharem um papel activo na sociedade.

Essa acção educativa é realizada através de um método único de educação não formal, assente num sistema de valores, que visa ajudar a construir um mundo melhor onde as pessoas se sintam realizadas como indivíduos e desempenhem um papel construtivo na sociedade, assente numa cidadania participativa, responsável e tolerante e no respeito pelo ambiente.

Em sete linhas, são mencionadas muitas coisas.

A esperança no futuro, reside nos jovens, já alguém uma vez tinha dito algo semelhante. São os jovens que, para além de serem a nossa esperança em algum dia virmos a receber as nossas merecidas reformas, são eles que, ao longo da sua vida, vão ditando o caminho que seguem, ditando assim, o mundo que os rodeia. Podem caminhar em direcção a um abismo, tal como podem caminhar na direcção oposta. Podem escolher ter, ou não, uma vida considerada digna. E podem percorrer esse caminho, sozinhos ou acompanhados.

Não se trata de ter uma vida longa. Trata-se de ter uma vida rica, despojada de bens materiais e estatutos sociais, mas rica em amizades, respeito, integridade e, acima de tudo, dignidade.

Amizade, Respeito, Integridade e Dignidade, palavras tão pouco usadas nos nossos dias… À excepção da Amizade que, antes pelo contrário, se tornou de uma banalidade tremenda.

Mas viver em democracia é isso mesmo, as pessoas podem escolher. Contudo, isso implica, igualmente, lidar com as consequências das escolhas que se fazem.

Não podemos, ou não devemos, obrigar outrem a percorrer o caminho que nós escolhemos. É nesta parte que entram em acção os Valores.

Eu escolho, tendo em atenção os Valores, Objectivos e Ideais em que acredito e que me proponho a seguir.

E esses Valores devem servir não só para o indivíduo, mas também para aquilo que o rodeia. Ou seja, ter um papel activo na sociedade, participar nesta como parte da resolução e não parte do problema.

O Escotismo é, assim, uma forma de transmitir Valores aos Escoteiros, sejam eles Lobitos, Caminheiros ou Chefes. E, por acréscimo, aos Pais, Mães, Irmãos e Amigos destes escoteiros.

A Lei do Escoteiro e o Compromisso de Honra são a expressão dos Valores pelos quais os Escoteiros se regem. Ambos elaborados duma forma muito simples, mas, ao mesmo tempo, com significados muito profundos.

Mais do que ser um Compromisso adoptado por Escoteiros, deveria ser para todo e qualquer Cidadão que deseje viver em harmonia com os demais.

Quantos de nós podemos dizer que somos Verdadeiros? E Leais? E principalmente, Íntegros nos pensamentos, palavras e acções?

Deveríamos sê-lo, não por medo de qualquer represália ou punição feita por um terceiro, mas por ser este o caminho para alcançar um mundo melhor.

Igualmente, deveríamos ser Alegres e sorrir perante as dificuldades. Não nos devemos privar da felicidade, de nos sentirmos bem com nós próprios. Muitas vezes, somos nós que criamos as nossas dificuldades, ao ter atitudes derrotistas, desistindo ao primeiro esforço efectuado. O que não mata, torna-nos mais fortes, não é verdade?

A Missão e os Valores do Escotismo, apesar de terem sido idealizados em 1907, por Sir Robert Baden-Powell, são conceitos que perduram no tempo, não se esgotam numa determinada época ou fase. Com ou sem lenço, deveremos ter sempre presente, em todas as situações, as 10 Leis do Escoteiro:

  1. O Escoteiro é Verdadeiro e a sua palavra é Sagrada;
  2. O Escoteiro é Leal;
  3. O Escoteiro é Prestável;
  4. O Escoteiro é Amigo de todos e Irmão dos demais Escoteiros;
  5. O Escoteiro é Cortês;
  6. O Escoteiro é Respeitador e Protector da Natureza;
  7. O Escoteiro é Responsável e Disciplinado;
  8. O Escoteiro é Alegre e sorri perante as dificuldades;
  9. O Escoteiro é Económico, Sóbrio e Respeitador dos bens dos outros;
  10. 10.  O Escoteiro é Íntegro nos pensamentos, palavras e acções.

Acredito que muitos já as devem saber de cor e salteado. Mas compreendem o significado de cada uma? Honram o vosso Compromisso e Vivem segundo a Lei do Escoteiro? Espero que sim. Quero acreditar que sim. Se cada um de nós o fizer, então estamos no caminho certo.

A frase com que concluo o texto não é, infelizmente, da minha autoria. Mas subscrevo-a completamente: Utópico, eu? Talvez. Mas quem consegue viver sem utopias?

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